quinta-feira, 14 de maio de 2009

Momento didático - onde ou aonde ?

Aonde eu uso "onde" ? Ou onde eu uso "aonde" ? Hehe, essa questão não é tão controversa quanto alguns dilemas que já postei aqui no blog, no entanto, não deixa de ser importante. Me veio à tona graças ao meu professor e mestre Jiro Takahashi, que ministra a disciplina de gramática na faculdade.

A explicação é simples : "onde" indica uma ação estática, um lugar fixo/parado no qual você foi, esteja ou pretende ir. É quando você pergunta : "onde você estava no sábado?" ou "onde você ficou quando estava em Fernando de Noronha?". Reparem que não há movimento; é a representação de um lugar em que o fulano estava.

Agora, quando você fala "aonde", o conceito de estar parado se inverte : a palavra indica ação em movimento, e não lugar fixo. Vejam : "aonde você pensa que vai?" ou "aonde você foi ontem à noite, hein?".

O determinante para a distinção das duas funções, como observado nos exemplos, é o uso dos verbos "estar" e "ficar" no primeiro caso, e o verbo "ir" no segundo caso. O verbo "ficar" e o verbo "estar" denotam uma ação parada; alguém está ou fica em algum lugar. Já o verbo "ir" dá subentendimento de uma ação em movimento, já que alguém foi, vai ou irá a algum lugar, e precisa se movimentar para isso. Neste caso, usa-se "aonde"; no outro caso, usa-se "onde". Simples, não ?

Aqui vai uma dica para não se usar desnecessariamente a palavra "onde", que é um vício da nossa língua utilizado para várias finalidades, sendo que a única deve ser para indicar lugar. Não se diz "este é aquele jogo onde o herói morre no fim" ou "aqui no meu coração há um sentimento onde ninguém consegue medir" ou mesmo "esse é o filme onde todos ficam cegos".

Evitem esse uso coloquial e desnecessário da palavra "onde". "Ah, mas como devo falar ou escrever, então?". Simples : use dois termos mágicos que são bonitos, corretos e gramaticalmente de acordo com a semântica que você pretende dar a seu texto ou a sua fala : "em que" e "no qual/na qual". Pronto. Olha que fácil. Reformulando as frases que utilizei para exemplificar, as coisas ficam assim : "este é aquele jogo no qual o herói morre no fim" ou "esse é o filme em que todos ficam cegos". Bem melhor.

Use "onde" para identificar lugares : "Esta é a sala onde fiquei". "A faculdade onde todos se formaram foi dominada por alienígenas". Reparem no seguinte : há a possibilidade de substituir "onde" por um dos termos que recomendei, "em que" ou "no/na qual", mesmo que seja para identificar lugares. Vejam : "Esta é a sala na qual fiquei". "A faculdade em que todos se formaram foi dominada por alienígenas". Conclusão : "onde" é um termo de carga altamente coloquial e pode, sim, ser evitado sempre que possível. Esta é a minha recomendação : evitem o uso de "onde". É feio. Dá pra se destacar com um texto bem acabadinho utilizando "em que/no qual/na qual". É melhor facilitar do que complicar, não é verdade ?

Dessa vez não foi tão difícil !

Obrigado para quem leu até aqui e grande abrátzo !

12 comentários:

Samuel Cabral disse...

Uaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
To aqui com os caras na facu vendo seu blog! Tá muito loco man, masssssss
Puta que pariu man!! Diminui esse texto cacete!!!

Taaá disse...

Bru amigãao ..
Esta de parabéns..como sempre muito esforçado e dedicado.
sempre que tiver dúvidas, irei consultar o Blog.

XD)
e me corrija se eu errar hein!:)
beijão.

Jorge Polo disse...

Pô, interessante essa questão. Ela é meio que "subestimada", mas acontece com frequência, eu acho.

Mas hein, quanto tempo hein cara! Como vai a vida aí? hehuahuehu
Tenho que ver se te encontro no MSN... e quem sabe na PSN, hehehe

Anônimo disse...

Onde fica? aonde o brands está? ahuauauhuha Aew meoooo, mal, sumi, estou fazendo meu TCC, como ta brands? Zeboo lançado, vamos ver o que acontece com o decorrer do tempo..

Flw brands..
Abrass

Unknown disse...

Sempre que posso estou aqui!
Parabéns.

Unknown disse...

Ptz, vc é muito inteligente, tenho até vergonha rs! Familia Brandão tudo Show de Bola! Grande Abraço.

Débora Sousa disse...

Olá! é a primeira vez que passo por aqui e como uma boa estudante de letras que sou estarei bisbilhotando por aqui sempre que possível! Achei você você um fofo!!!


Beijos

Unknown disse...

Muito bom!
Onde ou aonde...
Agora já pensou quando alguem escreve naonde...ptz q dor rs...
Forte abraco, tudo de bom.

Taynara Andrade disse...

Gostei pra valer desses momentos didáticos..
Se é que posso, gostaria de esclarecer um dúvida sobre o verbo ser; Ele é um verbo de ligação e que dependendo da situação pode ser intransitivo, certo? (aprendi assim), minha dúvida é, em algum momento ele pode ser transitivo? se sim, quando?
Por favor, me tire essa dúvida. Ninguém que eu conheço soube me explicar.
Desde já, grata.

Bruno Brandão Micali disse...

Oi, Taynara! Obrigado pelas inferências e pela questão levantada. A sua pergunta diz respeito à regência de verbo, algo tão controverso quanto complexo, dependendo da ocasião. Vamos lá.

O verbo "ser", como vc bem ressaltou, é, em grande parte das ocorrências, um verbo de ligação. Ele apenas auxilia o verbo seguinte: "o rapaz É visto como um marginal"; "a garota FOI encontrada nos arredores da orla"; "o candidato corrupto SERÁ eleito ao fim da campanha" etc. Repare que a voz passiva é uma constante nesses casos (quando vc não acusa o sujeito: "será eleito" (por quem?), "foi encontrada" (por quem?)", etc).

Sobre a transitividade dos verbos. O verbo transitivo direto é aquele que pede qualquer complemento depois (qualquer palavra). Vejamos o verbo "fazer", por exemplo. Quem faz, faz alguma coisa. "Eu fiz a lição". O verbo adorar. Quem adora, adora algo ou alguém. "Eu adoro pavê de nozes".

O verbo transitivo indireto é aquele que, antes do complemento, exige uma preposição! Exemplos clássicos como o verbo "gostar", "concordar" ou "assistir". Veja. Quem gosta, gosta DE alguma coisa. Não se "gosta alguma coisa"; se "gosta DE alguma coisa". O verbo "gostar" pede a preposição DE para depois, então, inserirmos o complemento. "Eu gosto DE pavê de nozes"; "eu gosto DE você". Repare no verbo "concordar". Quem concorda, concorda COM alguém/algo. "Eu concordo COM a sua opinião". E o verbo "assistir", utilizado a esmo de forma errada por aí, pede "a", que fica preposicionado aqui (e não como artigo). "Eu assisti ao filme" (a + o = ao). "Ele assistiu à partida de futebol" (a + a = à, craseado). Entre montanhas de outros verbos. O verbo "assistir" sem a preposição significa prestar assistência. "A enfermeira assistiu o paciente". Não existe "assistenciar", então é "assistir". É daí que vem.

O verbo intransitivo é aquele que não pede nada depois. "Eu corri". Fim. "Nessa vida, eu já matei". E por aí vai.

Um mesmo verbo pode ter várias transitividades. É o caso do verbo "ser". Ele só pode ser usado como intransitivo quando o significado for "existir". Veja: "As memórias do passado relembram tudo aquilo que foi. As do futuro, tudo aquilo que ainda será". Viu como não há complemento algum depois? É o verbo "ser" em sua intransitividade. Lembre-se: intransitivo apenas no sentido de "existir", e somente assim.

Com base no que foi dito, ele pode, sim, ser utilizado como verbo transitivo direto. "Eu fui um moleque ousado na minha infância". Vc foi o quê? Um moleque ousado na infância. "Ele é um cara diferente." Percebe os complementos depois do verbo? Todos eles indicam-no como transitivo direto.

"Ser" como transitivo indireto é que não rola, afinal, praticamente não dá pra colocar uma preposição "obrigatória" depois desse verbo.

Perdão, nunca consigo escrever pouco...rs...uma pequena gigante resposta à pergunta que vc fez. Qualquer outra dúvida, é só perguntar =D! Meu e-mail é bbmicali@gmail.com

Novamente, obrigado pela pergunta!

Taynara Andrade disse...

Ah sim, muito obrigada pelo esclarecimento. Esse danado do português me causa algumas dores de cabeça hehehe, mas eu o adoro..
E obrigada também pelo comentário sobre a minha escrita.

Bruno Brandão Micali disse...

Também adoro esse portuga de vai e vém, de 8 a 80. É a complexidade dele, bem como a variedade de opções que temos à disposição, que torna a experiência com o idioma encantadora.

Eu que agradeço!